segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Quando eu acordar

... Quando eu nasci, tinha enroscado no corpo um cordão.
Um fio aspero e tenso que me ligava a um mundo externo.
Protegido por minha inocência.
Me perdia, Cada vez mais longe de uma realidade nua, que me lambia com linguas famintas.
Eu costumava acreditar que tudo se resolveria quando eu rompesse a barreira da luz.
Eu pensava que o mundo me receberia com sorrisos e aplausos.
lêdo engano, para eles eu era apenas mais um .
E logo entendi que teria que dividir o peito com o resto do mundo.
peito esse preso a barriga daquela que por ventura foi minha genitora
a mesma que um dia me beijou a face e disse entre dentes que me amava
e que na semana seguinte partiu com pernas que eu não alcando.
filho de um tempo onde as amarguras me banham os cabelos.
onde sonho é um luxo que não me é permitido.
centado no centro da terra, renegado por um pai que eu contrui com madeiras velhas de uma arvore antiga que eu costumava colher frutos amargos em meus momentos de fome .
sentando a beira de um rio vejo a sombra de um reflexo que eu quase reconheço.
longe de mim tudo é calmo é tranquilo. longe de mim não existo isso so é possivel porque eu não tenho garganta para gritar. e nesse abandono de mim grito calado envolto num cordão que eu imaginei paar fazer parte dessa farsa criada por mim.

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